Resolvi fazer algo diferente aqui no blog e abri espaço para convidados escreverem. Neste caso, a Shari escreveu sobre o mesmo tema da última postagem com uma nova visão, a dela. Agora é com ela:
"Se perguntar o que é o amor pra mim
Não sei responder
Não sei explicar"
Arlindo Cruz
Essa sempre foi uma questão para mim, e foi devido aos muitos fracassos amorosos, que resolvi pensar de que forma as pessoas lidam com isso que é um sentimento, e que por mais que se pense a respeito você só pode, perdoe-me a redundância, sentir.
Não sei exatamente em que momento da história perdemos essa confiança no sentir. Um grande passo foi o "Penso, logo existo", que acabou por excluir todas as outras possibilidades de se reconhecer como ser humano diferentes da razão. Não nego que a razão seja importante, o que me incomoda é o fato de fazermos dela o único modo certo de analisar as coisas. É como se a razão fosse "DEUS" e todas as outras formas de contato com o mundo (sentimentos, percepções, sensações...) devessem seguir à sua imagem e semelhança.
Mas o amor não segue, e por mais que existam fórmulas de conquistas, manuais de relacionamentos e gente explicando o que fazer para o amor dar certo, não tem uma regra. Pelo menos comigo, o amor quando chega acaba com todos os conceitos pré-formulados, com todas as dicas das amigas sobre o que pode e o que não pode fazer. É claro que não esqueço o que aprendi com os relacionamentos anteriores, só que me permito viver novamente como se fosse a primeira vez. Sábio Paulinho Moska quando diz: "Tudo novo de novo, vamos nos jogar de onde já caímos". Pois é exatamente o que eu faço. Deixo de lado a razão? Não, mas dou menos importância. Deixo pra racionalizar no momento de dor, que aí sim dá pra fazer uma análise de erros e acertos, pois com certeza algo está errado. Ninguém quer sofrer! Mas partir do início, aquele momento maravilhoso em que o outro é uma multiplicidade de sensações, de encantamentos, de descobertas, já pensando, analisando e visualizando o que pode vir a dar errado. Não isso eu não quero!
Sei que vivemos em uma sociedade sob a égide da razão e nem tenho a pretensão de nadar contra a corrente. Mas existe uma impossibilidade de amar racionalmente, o amor é um sentimento, é algo mais primitivo, mais instintivo, e é também uma ótima oportunidade de apreender e mostrar (se mostrar) além das aparências.
Então está lançado o desafio, vamos amar! Sem pudores, sem mas, sem achar que estamos perdendo tempo, sem pensar demais. Quando seu coração bater um pouquinho mais forte pelo outro, deixa a razão um pouco de lado e se entrega, pelo menos uma vez pra tentar, pra ver no que vai dar... e se não der certo, voltamos à razão, às vezes ela ajuda a diminuir o sofrimento, senão procura outro amor que cura!
Façamos - Elza Soares e Chico Buarque (Composição: Cole Porter, versão de Carlos Rennó)